sexta-feira, 12 de julho de 2013

‎Para‬ presidente da CPI da Saúde em MS, oitiva em Aquidauana foi bastante proveitosa



Problemas na qualidade do atendimento à população, falta de medicamentos, de recursos humanos, financeiros, de leitos na Unidade de Terapia Intensiva da Associação Aquidauanense de Assistência Hospitalar dr. Estácio Muniz e de veículos sucateados foram os principais problemas discutidos durante a reunião extraordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito da Saúde da Assembleia Legislativa, realizada nessa quinta-feira na cidade de Aquidauana. 

Os problemas foram apresentados por Ângela Maria Lelis Spada (secretária municipal de saúde), Francisco Roberto Rossi (ex-secretário municipal de saúde) e Irene Franco Ferreira (diretora da Associação Aquidauanense de Assistência Hospitalar Dr. Estácio Muniz). Hoje o principal hospital da cidade tem apenas uma unidade de UTI com capacidade de 6 leitos. 

Segundo dados do Portal da Transparência, no ano passado o município recebeu R$ mais de 71 milhões para a saúde. De janeiro de 2013 até hoje foram destinados quase R$ 12 milhões para a cidade, sendo que mais de R$ 7.5 milhões encaminhados à Associação Aquidauanense de Assistência Hospitalar dr. Estácio Muniz, como foi esclarecido pela atual secretária de saúde de Aquidauana, Ângela Maria Lelis Spada. 

Segundo a responsável pela pasta, hoje o município investe 29% da receita orçamentária para a saúde, mas mesmo assim o valor não é suficiente. “Faltam recursos públicos, principalmente do Estado, mas também de pessoas capacitadas para trabalhar nas unidades de saúde. Outro problema é a estrutura física dos prédios, que são ruins, e precisam de melhorias”, explicou. 

Ângela Maria Lelis Spada disse que quando assumiu a pasta em janeiro deste ano havia atraso no pagamento dos médicos, falta de remédios nas farmácias e 47 veículos, sendo 20 deles funcionando, 19 no conserto e oito sem condições de uso. “Encontramos vários problemas, que estão sendo resolvidos aos poucos”, explicou. 

O ex-secretário municipal de saúde, Francisco Roberto Rossi, reconheceu que durante o período que respondeu pela pasta (2011 a 2012) houve falta de medicamentos e atendimento precário nas unidades de saúde. “Reconheço que houve falta de medicamentos e má qualidade no atendimento, principalmente por causa dos servidores efetivos, os quais tínhamos dificuldades para puni-los. Porém, nunca houve atraso no pagamento de médicos”, garantiu. 

A diretora da Associação Aquidauanense de Assistência Hospitalar Dr. Estácio Muniz, Irene Franco Ferreira, afirmou que assumiu a unidade em janeiro deste ano e encontrou problemas relacionados à falta de pagamento de honorários, uma dívida superior a R$ 3 milhões, equipamentos estragados e diferença salarial entre profissionais de uma mesma categoria. “Era uma série de problemas que estão sendo resolvidos diariamente. Já colocamos em dia os salários, arrumamos os equipamentos estragados, mas até o momento não conseguimos negociar a dívida”, esclareceu. 

Para Irene Franco Ferreira, o município de Aquidauana atende vários pacientes de outras cidades e deveria receber mais recursos do Governo do Estado. “Faltam recursos por parte do Estado, que precisa investir mais na saúde pública da cidade. Só investindo mais nas microrregiões o Governo do Estado conseguirá desafogar os hospitais de Campo Grande”, falou. 

Aline Rigo Jardim, ex-diretora da Associação Aquidauanense de Assistência Hospitalar Dr. Estácio Muniz (gestão 2009 a 2012), reconheceu que transferiu a direção da unidade com os problemas apontados por Irene Franco Ferreira. “Quando assumi a direção do hospital também encontrei o local na mesma situação. Porém, não tinha autonomia para resolvê-los. Apenas recebia ordens”, comentou. 

Os deputados estaduais também ouviram a vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde de Aquidauana, Patrícia Marques Magalhães, a qual falou que a entidade recebeu denúncias de pagamento de serviços em duplicidade. “Conseguimos a devolução de R$ 171 mil gastos com uma empresa de publicidade que prestava serviços à Secretaria Municipal de Saúde. As nossas demandas sempre foram atendidas, tanto é que conseguimos a assinatura de um Termo de Ajuste Sanitário entre a Prefeitura Municipal e o Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) para resolver uma série de problemas. Temos documentos que comprovam isso”, salientou. 

Segundo o deputado estadual Amarildo Cruz, presidente da CPI da Saúde em MS, a oitiva de hoje foi muito produtiva. “Detectamos vários problemas no município, que serão elencados e confrontados com documentos e farão parte do nosso relatório final”, comentou. Por fim, todos os depoentes reconheceram que a saúde pública do País tem dificuldades para fazer com que os médicos cumpram a carga de horário de trabalho e necessita de profissionais mais qualificados para trabalhar nas cidades do interior. “Os médicos têm uma meta de trabalho diário, que varia entre 16 a 20 atendimentos. Depois que atingem essa meta eles vão embora. É difícil mantê-los nas unidades hospitalares por mais tempo. Já em relação à mão-de-obra, é muito difícil encontrar pessoal qualificado para trabalhar nas cidades menores”, explicaram. 

CPI da Saúde

A CPI da Saúde em MS já colheu depoimentos da ex-secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, do secretário municipal de Saúde de Campo Grande, Ivandro Fonseca, do presidente da Santa Casa da Capital, Wilson Teslenco, dos ex-diretores do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa, e do Hospital Regional de Campo Grande, Ronaldo Perches Queiroz, além de gestores e conselheiros municipais de saúde nas cidades de Coxim e Dourados.

Os parlamentares querem saber como estão sendo feitos os repasses dos recursos do SUS para unidades hospitalares de Campo Grande, Corumbá, Paranaíba, Dourados, Três Lagoas, Jardim, Coxim, Aquidauana, Nova Andradina, Ponta Porã e Naviraí. A investigação apura os repasses e convênios feitos nesses 11 municípios nos últimos cinco anos. A CPI tem 120 dias para apurar as possíveis irregularidades, podendo ser prorrogada por mais dois meses.

Para ajudar no trabalho de investigação, os deputados decidiram criar o e-mail cpisaude@al.ms.leg.br para que as pessoas possam denunciar irregularidades nas unidades hospitalares. Também foi criada a fan page CPI da Saúde em MS. A Comissão é composta pelos deputados Amarildo Cruz - presidente, Lauro Davi (PSB) - vice-presidente, Junior Mochi (PMDB) - relator, Mauricio Picarelli (PMDB) - vice-relator e Onevan de Matos (PSDB) – membro.

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