O diretor-geral do
Hospital Universitário de Dourados, Edson Desiderio Fernandes, foi ouvido na
tarde de hoje (30) pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia
Legislativa e destacou que dois dos maiores problemas da unidade hospitalar começaram
a ser resolvidos na semana passada, com a assinatura do contrato com a Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para parceria na administração do HU.
A partir da assinatura, a
Universidade e EBSERH passam a administrar conjuntamente o HU de Dourados por
12 meses. Após esse período, a Empresa assume totalmente a administração do
hospital. “Com essa parceria vamos trocar praticamente todo nosso parque
temático e poderemos contratar mais servidores, todos celetistas, a partir do
mês de novembro desse ano. O quadro de colaboradores aumentará em pelo menos
30% este ano. Estamos entrando em uma nova fase na administração do HU. Trata-se
de uma parceria com uma empresa estatal, não é um processo de privatização”,
explicou.
Conforme Edson Desiderio
Fernandes, a falta de estrutura, de profissionais e o grande número de
equipamentos defasados ocorrem em praticamente todos os hospitais universitários
espalhados pelo Brasil. “Atualmente vários serviços não são oferecidos por
causa desses problemas. A parceria com a Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares está acontecendo em vários estados e vai ajudar a melhorar a
qualidade dos serviços oferecidos pelos hospitais universitários”, salientou.
Além disso, o
diretor-geral esclareceu que o HU de Dourados também sofre com a falta de
recursos públicos. “Hoje a unidade recebe mensalmente cerca de R$ 200 mil da
Prefeitura Municipal, R$ 300 mil do Governo do Estado e R$ 2,3 milhões da União,
mas o custo para manter o local mensalmente é de R$ 7 milhões. O Ministério da
Educação tem ajudado a arcar com o restante das despesas e em alguns casos a
universidade faz empréstimos para saldar as dívidas”, falou.
Questionado pelos
deputados sobre reclamações feitas pela população durante a oitiva da CPI da
Saúde em Dourados, referentes à falta de leitos e a má qualidade no atendimento
do HU, o diretor falou que a maioria das pessoas aprova a atual gestão. “O HU
tem um índice de aprovação dos usuários de quase 82%. Se hoje a estrutura não
atende toda a população é porque necessita de mais recursos. Temos 178 leitos e
estamos acertando uma nova contratualização para chegar aos 214. Trabalhamos
com até 95% da capacidade do hospital. A falta de leitos ocorre em todo o país”,
disse.
Coren-MS
A Presidente do Conselho
Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul, Amarilis Pereira Amaral
Scudellari, foi ouvida pelos deputados e esclareceu que MS tem atualmente 16
mil profissionais ligados à saúde, sendo 4.3 mil enfermeiros. “Infelizmente, falta
investimento nesses profissionais. Essa é uma das grandes lutas do Coren-MS. As
equipes nos hospitais são deficitárias e em muitos casos alguns enfermeiros são
deslocados para fazer serviços como preenchimento de documentos que são de
responsabilidade dos médicos.
Ainda de acordo com Amarilis
Pereira Amaral Scudellari, o Coren-MS impôs alguns critérios para abertura de
unidades hospitalares em Mato Grosso do Sul. “Para emitir a certidão de capacidade
técnica do enfermeiro exigimos a presença desses profissionais 24 horas nesses locais.
Estamos chamando as instituições que ainda não se adequaram a essa norma para
fazer um Termo de Ajustamento de Conduta”, frisou.
De acordo com a Presidente
do Coren-MS, a falta de enfermeiros é tão grave que em muitos casos os
familiares dos pacientes internados assumem o papel desses profissionais. “Há
vários casos em que o acompanhante faz o serviço do enfermeiro, dando banho e
alimentando o paciente, porque faltam profissionais”, esclareceu.
Por fim, Amarilis Pereira
Amaral Scudellari destacou que muitos médicos não cumprem corretamente a carga
horária nos hospitais. “Os enfermeiros esperam para passar o plantão, o que não
acontece com os médicos. Acaba o horário e eles vão embora. À noite, muitos
deles atendem o volume maior de pacientes e vão repousar. Quatro ficam
descansando e apenas um atendendo, o que atrasa o atendimento à população e
gera muitas reclamações”, finalizou.
Próxima oitiva
Na próxima quinta-feira
(3) os deputados ouvem o Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando
de Souza Terena, e o Coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena
Nelson Carmelo. A oitiva vai acontecer a
partir das 14 horas, na Assembleia Legislativa, em Campo Grande.