segunda-feira, 30 de setembro de 2013

À CPI da Saúde, diretor do HU garante que hospital entra em uma nova fase

O diretor-geral do Hospital Universitário de Dourados, Edson Desiderio Fernandes, foi ouvido na tarde de hoje (30) pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa e destacou que dois dos maiores problemas da unidade hospitalar começaram a ser resolvidos na semana passada, com a assinatura do contrato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para parceria na administração do HU.

A partir da assinatura, a Universidade e EBSERH passam a administrar conjuntamente o HU de Dourados por 12 meses. Após esse período, a Empresa assume totalmente a administração do hospital. “Com essa parceria vamos trocar praticamente todo nosso parque temático e poderemos contratar mais servidores, todos celetistas, a partir do mês de novembro desse ano. O quadro de colaboradores aumentará em pelo menos 30% este ano. Estamos entrando em uma nova fase na administração do HU. Trata-se de uma parceria com uma empresa estatal, não é um processo de privatização”, explicou.

Conforme Edson Desiderio Fernandes, a falta de estrutura, de profissionais e o grande número de equipamentos defasados ocorrem em praticamente todos os hospitais universitários espalhados pelo Brasil. “Atualmente vários serviços não são oferecidos por causa desses problemas. A parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares está acontecendo em vários estados e vai ajudar a melhorar a qualidade dos serviços oferecidos pelos hospitais universitários”, salientou.

Além disso, o diretor-geral esclareceu que o HU de Dourados também sofre com a falta de recursos públicos. “Hoje a unidade recebe mensalmente cerca de R$ 200 mil da Prefeitura Municipal, R$ 300 mil do Governo do Estado e R$ 2,3 milhões da União, mas o custo para manter o local mensalmente é de R$ 7 milhões. O Ministério da Educação tem ajudado a arcar com o restante das despesas e em alguns casos a universidade faz empréstimos para saldar as dívidas”, falou.

Questionado pelos deputados sobre reclamações feitas pela população durante a oitiva da CPI da Saúde em Dourados, referentes à falta de leitos e a má qualidade no atendimento do HU, o diretor falou que a maioria das pessoas aprova a atual gestão. “O HU tem um índice de aprovação dos usuários de quase 82%. Se hoje a estrutura não atende toda a população é porque necessita de mais recursos. Temos 178 leitos e estamos acertando uma nova contratualização para chegar aos 214. Trabalhamos com até 95% da capacidade do hospital. A falta de leitos ocorre em todo o país”, disse.

Coren-MS

A Presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul, Amarilis Pereira Amaral Scudellari, foi ouvida pelos deputados e esclareceu que MS tem atualmente 16 mil profissionais ligados à saúde, sendo 4.3 mil enfermeiros. “Infelizmente, falta investimento nesses profissionais. Essa é uma das grandes lutas do Coren-MS. As equipes nos hospitais são deficitárias e em muitos casos alguns enfermeiros são deslocados para fazer serviços como preenchimento de documentos que são de responsabilidade dos médicos.

Ainda de acordo com Amarilis Pereira Amaral Scudellari, o Coren-MS impôs alguns critérios para abertura de unidades hospitalares em Mato Grosso do Sul. “Para emitir a certidão de capacidade técnica do enfermeiro exigimos a presença desses profissionais 24 horas nesses locais. Estamos chamando as instituições que ainda não se adequaram a essa norma para fazer um Termo de Ajustamento de Conduta”, frisou.

De acordo com a Presidente do Coren-MS, a falta de enfermeiros é tão grave que em muitos casos os familiares dos pacientes internados assumem o papel desses profissionais. “Há vários casos em que o acompanhante faz o serviço do enfermeiro, dando banho e alimentando o paciente, porque faltam profissionais”, esclareceu.

Por fim, Amarilis Pereira Amaral Scudellari destacou que muitos médicos não cumprem corretamente a carga horária nos hospitais. “Os enfermeiros esperam para passar o plantão, o que não acontece com os médicos. Acaba o horário e eles vão embora. À noite, muitos deles atendem o volume maior de pacientes e vão repousar. Quatro ficam descansando e apenas um atendendo, o que atrasa o atendimento à população e gera muitas reclamações”, finalizou.

Próxima oitiva


Na próxima quinta-feira (3) os deputados ouvem o Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando de Souza Terena, e o Coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena Nelson Carmelo.  A oitiva vai acontecer a partir das 14 horas, na Assembleia Legislativa, em Campo Grande. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário