A falta de médicos
especialistas em Três Lagoas foi um dos principais problemas constatados
durante a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia
Legislativa no município. A situação é tão grave que a Prefeitura Municipal não
conseguiu inaugurar uma Unidade de Pronto Atendimento, concluída há quase dois
anos, por falta de clínicos-gerais e pediatras.
Segundo a Secretária
Municipal de Saúde, Eliane Cristina Figueiredo Brilhante Três Lagoas, uma
portaria do Ministério da Saúde determina a exigência de clínicos-gerais e
pediatras por plantão para a abertura da UPA. “A nossa maior dificuldade é
encontrar os especialistas para trabalhar, tanto é que a Unidade de Pronto
Atendimento não está funcionando por falta de profissionais capacitados. Também
temos dificuldades com neurologista, endocrinologista e urologista. Hoje os
médicos não querem mais receber com base na tabela do Sistema Único de Saúde
(SUS), que paga R$ 10,00 por consulta”, comentou.
Os deputados questionaram Eliane
Cristina Figueiredo Brilhante sobre denúncia feita no e-mail da CPI da Saúde em
MS, a qual destaca que a Prefeitura Municipal terceirizou o serviço de
mamografia no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, sendo que a Secretaria
Municipal de Saúde possui tal equipamento.
Segundo Eliane Cristina
Figueiredo Brilhante, o aparelho pertencente ao município está obsoleto. “É um
aparelho bastante antigo que inclusive não tem peça de reposição quando estraga
e que tem péssima qualidade da resolutividade dos exames. Decidimos pela
licitação até recebermos o nosso aparelho de mamografia, que foi ganho em uma
ação judicial contra a Petrobras”, finalizou.
Por fim, os parlamentares
questionaram se ela teria participado de alguma reunião com a ex-secretária
estadual de Saúde, Beatriz Dobaschi, para discutir a vinda de um aparelho
acelerador linear para Três Lagoas. “Nunca me reuni com Beatriz Dobaschi para
discutir esse assunto”, disse.
Outro depoente foi o
ex-Secretário Municipal de Saúde, Sérgio Luiz dos Santos Geremias, que comandou
a pasta durante nove meses. No seu ponto de vista a principal dificuldade do
gestor público é a má gestão dos recursos. “Tem muita falta de planejamento na
aplicação dos recursos em todo o País. É necessário destacar que a população
tem que ser educada, pois não tem a preocupação de cuidar da sua saúde. Fiz o
possível durante o período que comandei a pasta, mas encontrei muitos entreves
burocráticos que atrasavam em alguns casos o andamento dos trabalhos”, comentou.
Os deputados constataram
durante o depoimento de Sérgio Luiz dos Santos Geremias que a Prefeitura de Três
Lagoas também para fazer com que os médicos cumpram a carga horária no plantão.
“Os médicos não cumprem a carga horária integral, e como tínhamos dificuldades
de profissionais, éramos obrigados aceitar essa situação”, falou.
A diretora-geral do Hospital Auxiliadora, Irmã Aurélia
Briaschi, a ex-diretora da unidade, Irmã Elvanir Dorneles Nogueira, também
foram ouvidas na CPI da Saúde. “Foi feito um levantamento e decidimos pela
gestão compartilhada. Essa foi à única maneira encontrada para se fazer uma
nova contratualização que se fazia necessária. Também nunca tomamos
conhecimento da intenção de doação de equipamento de oncologia para o
hospital”, ressaltaram.
Aos deputados, o ex-presidente do Conselho Municipal de
Saúde, Alex Sandro Ribeiro Cardoso disse que sua grande missão foi acompanhar o
processo de contratualização do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. “Sempre
exercemos nossa função e conseguimos desempenhar nosso trabalho. Fizemos questão
de acompanhar o debate sobre essa contratualização, sempre ao lado do
Ministério Público Estadual. Estamos brigando neste momento para a implantação
de um conselho local dentro do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora” , ressaltou.
Para finalizar, os deputados ouviram o Presidente do
Conselho Municipal de Saúde, Edson Aparecido de Queiroz, o qual destacou que
hoje a entidade tem um bom relacionamento com a Prefeitura de Três Lagoas. Conforme o deputado estadual Amarildo Cruz, presidente
da CPI da Saúde em MS, a reunião em Três Lagoas foi positiva, pois vários
problemas foram levantados e que serão investigados pelos parlamentares.
CPI da Saúde em MS
A CPI da Saúde em MS foi
criada no dia 23 de maio deste ano. Os parlamentares querem saber como estão sendo
feitos os repasses dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para unidades
hospitalares de Campo Grande, Corumbá, Paranaíba, Dourados, Três Lagoas,
Jardim, Coxim, Aquidauana, Nova Andradina, Ponta Porã e Naviraí. A investigação
apura os repasses e convênios feitos nesses municípios nos últimos cinco anos.
A Comissão Parlamentar de
Inquérito tem 120 dias para apurar as possíveis irregularidades, podendo ser
prorrogada por mais dois meses. Já foram ouvidos a ex-secretária estadual de
Saúde, Beatriz Dobashi, o secretário municipal de Saúde de Campo Grande,
Ivandro Fonseca, o presidente da Santa Casa da Capital, Wilson Teslenco, os
ex-diretores do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa, o do Hospital
Regional de Campo Grande, Ronaldo Perches Queiroz, e o ex-secretário municipal
de saúde da capital, Leandro Mazina.
Também foram ouvidos pelos
parlamentares os ex-integrantes da Junta Interventora da Santa Casa de Campo
Grande, Antonio Lastória, Nilo Sérgio Laureano Leme e Issan Moussa, o
diretor-presidente do Hospital do Câncer, Carlos Alberto Moraes Coimbra, e o
ex-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Florêncio Garcia, além de gestores
e conselheiros municipais de saúde nas cidades de Dourados, Coxim, Aquidauana e
Jardim.
Para ajudar no trabalho de
investigação, os deputados decidiram criar o e-mail cpisaude@al.ms.leg.br para
que as pessoas possam denunciar irregularidades nas unidades hospitalares.
Também foi criada a fan pag CPI da Saúde em MS (https://www.facebook.com/cpidasaudeemms).
As pessoas podem assistir as oitivas de Campo Grande ao vivo no link
(http://www.al.ms.gov.br/Default.aspx?alias=www.al.ms.gov.br/tvassembleia).
Além disso, no canal de comunicação os internautas podem conferir matérias
sobre os trabalhos da Comissão e reprises das oitivas da CPI da Saúde em MS
realizadas em todo o Estado.
As reuniões ordinárias acontecem todas as segundas-feiras, sempre às 14 horas, e as extraordinárias às quintas, no mesmo horário. Elas também podem ser assistidas ao vivo pela Tv Assembleia, em Campo Grande pelo Canal 9, em Dourados pelo Canal 9, e em Naviraí pelo Canal 44. Todas as oitivas realizadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito podem ser assistidas, ainda, no Youtube, no canal cpidasaudeemms.
A CPI é composta pelos deputados Amarildo Cruz - presidente, Lauro Davi (PSB) - vice-presidente, Junior Mochi (PMDB) - relator, Mauricio Picarelli (PMDB) - vice-relator e Onevan de Matos (PSDB), membro.
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