O médico Adalberto Siufi disse
hoje (29), durante a oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia
Legislativa, que tenha participado de qualquer esquema no Hospital do Câncer de
Campo Grande. Segundo ele, seu salário era elevado porque era um dos que mais
produzia no HC. “Não recebia qualquer valor por ser diretor, apenas pelos
serviços médicos que prestava ao hospital. Também sou servidor da Prefeitura
Municipal de Campo Grande, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, do
Hospital Universitário da Capital e sou sócio de duas clínicas particulares”, comentou.
Os deputados questionaram Adalberto
Siufi sobre denúncias, as quais apontam que vários parentes do médico
trabalhavam no Hospital do Câncer. “A minha filha Betina Siufi era
administradora da unidade. Também trabalham lá uma irmã, mais uma filha, uma
nora e um genro. Eles trabalhavam no local porque todos são especialistas na
área de oncologia”, falou.
Em seguida os
parlamentares questionaram Adalberto Siufi se era verdade que seus familiares eram
os únicos a receber mensalmente R$ 12 mil, mesmo sem a exigência de produção,
diferentemente dos outros profissionais que trabalhavam no local. “A produção
não era exigida porque todos cumpriam a carga horária, bem diferente de outros
funcionários, que não queriam trabalhar”, esclareceu.
Questionado sobre a declaração do atual diretor do
Hospital do Câncer de Campo Grande, Carlos Alberto Coimbra, o qual afirmou
que um aparelho de Braqueterapia no valor de R$ 500 mil foi comprado sem o aval
do Conselho Curador do HC durante a gestão de Adalberto Siufi. “Não me recordo
se a compra foi informada, mas sei que o estatuto da entidade não exige essa
comunicação. Pagamos R$ 150 mil e o restante obtivemos um financiamento para
adquirir o aparelho. Porém, não tínhamos a sala para instalá-lo e o equipamento
só passou a operar alguns meses”, disse.
Sobre denúncias de que pacientes não estariam recebendo
medicação correta no Hospital do Câncer, Adalberto Siufi disse que todas as
pessoas foram atendidas corretamente. “Alguns pacientes estavam tão fracos que
nçao tinham condição de receber a medicação para combater o câncer. Então éramos
obrigados a medicá-los com soro para depois aplicar a medicação. Nunca nenhum
doente deixou de receber a indicação prescrita”, falou.
Os parlamentares também questionaram Adalberto Siufi se
ele tinha alguma relação profissional com o ex-diretor do HU, José Carlos Dorsa
e se teve alguma relação com o fechamento do setor de oncologia do Hospital
Universitário. “Quem fechou o setor foi
à vigilância sanitária por uma série de problemas. Nunca tive nenhum tipo de
relacionamento com José Carlos Dorsa. Ele foi apenas meu aluno quando fui
professor”, comentou.
Para o deputado estadual Amarildo Cruz, a oitiva de
hoje mostrou uma série de controvérsias entre os depoimentos de Adalberto Siufi
e Carlos Alberto Coimbra. “Constatamos as incoerências nas declarações.
Agora vamos confrontar os depoimentos com os documentos obtidos. Em relação a
oitiva de Cláudio Wanderlei Luz Saab, seu depoimento mostrou as mudanças
realizadas pela nova gestão e das ações que serão realizadas no futuro”,
finalizou.
Hospital Universitário
O diretor-geral do
Hospital Universitário de Campo Grande, Cláudio Wanderlei Luz Saab, disse hoje
(29), durante a oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia
Legislativa, que conseguiu reduzir a dívida da unidade de R$ 29 milhões para R$
15 milhões. Ele declarou que desde que assumiu a direção do HU, há 90 dias, o
principal objetivo foi à renegociação das dívidas com os fornecedores.
“Quando assumi o HU
encontrei um caos no local. Toda a documentação sobre contratos havia sido
apreendida pela polícia e não sabíamos as reais condições de funcionamento do
hospital e atender a população. Encontramos a unidade com parte do teto
comprometido, salas de cirurgias interditadas, Pronto Atendimento Médico fechado
pela vigilância sanitária e mais de 70 leitos improvisados nos corredores. Chamamos
os fornecedores e conseguimos reduzir contratos em até 60% do valor pactuado.
Outros três contratos foram anulados por valores exorbitantes”, esclareceu.
De acordo com o diretor-geral
do HU, logo que assumiu a unidade decidiu procurar ajuda dos órgãos controladores
para manter o hospital funcionando. “Queremos o máximo de transparência na
nossa gestão e por isso fomos buscar ajuda dos órgãos controladores. A dívida
mensal quando assumi era de R$ 5 milhões e só recebia R$ 2 milhões. Hoje temos
257 leitos funcionando normalmente”, falou.
Ainda conforme Cláudio
Wanderlei Luz Saab, na obra para reforma do telhado da unidade, no valor original
de R$ 5 milhões, o custo foi reduzido para R$ 4,5 milhões. “Estava tudo
irregular no termo de referência. Chamamos as empresas responsáveis pela obra
para renegociar o valor. Deixei claro que o dinheiro está empenhado, mas só vou
pagar por aquilo que for feito. Essas foram às ações realizadas por nós desde
que assumimos a unidade. O HU não faz terceirização sem passar pela
procuradoria jurídica. Mostrei ao procurador que não tinha como pagar os terceirizados,
mas eles nos deram descontos para cumprirmos com os débitos que estavam
atrasados em janeiro deste ano”, esclareceu.
Em relação aos
aceleradores lineares, Cláudio Wanderlei Luz Saab declarou que já solicitou o
aparelho e pretende reabrir o serviço de oncologia o mais breve possível.
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