quinta-feira, 29 de agosto de 2013

À CPI da Saúde em MS, Adalberto Siufi disse que recebia mais porque trabalhava muito

O médico Adalberto Siufi disse hoje (29), durante a oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa, que tenha participado de qualquer esquema no Hospital do Câncer de Campo Grande. Segundo ele, seu salário era elevado porque era um dos que mais produzia no HC. “Não recebia qualquer valor por ser diretor, apenas pelos serviços médicos que prestava ao hospital. Também sou servidor da Prefeitura Municipal de Campo Grande, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, do Hospital Universitário da Capital e sou sócio de duas clínicas particulares”, comentou.

Os deputados questionaram Adalberto Siufi sobre denúncias, as quais apontam que vários parentes do médico trabalhavam no Hospital do Câncer. “A minha filha Betina Siufi era administradora da unidade. Também trabalham lá uma irmã, mais uma filha, uma nora e um genro. Eles trabalhavam no local porque todos são especialistas na área de oncologia”, falou.

Em seguida os parlamentares questionaram Adalberto Siufi se era verdade que seus familiares eram os únicos a receber mensalmente R$ 12 mil, mesmo sem a exigência de produção, diferentemente dos outros profissionais que trabalhavam no local. “A produção não era exigida porque todos cumpriam a carga horária, bem diferente de outros funcionários, que não queriam trabalhar”, esclareceu.

Questionado sobre a declaração do atual diretor do Hospital do Câncer de Campo Grande, Carlos Alberto Coimbra, o qual afirmou que um aparelho de Braqueterapia no valor de R$ 500 mil foi comprado sem o aval do Conselho Curador do HC durante a gestão de Adalberto Siufi. “Não me recordo se a compra foi informada, mas sei que o estatuto da entidade não exige essa comunicação. Pagamos R$ 150 mil e o restante obtivemos um financiamento para adquirir o aparelho. Porém, não tínhamos a sala para instalá-lo e o equipamento só passou a operar alguns meses”, disse.

Sobre denúncias de que pacientes não estariam recebendo medicação correta no Hospital do Câncer, Adalberto Siufi disse que todas as pessoas foram atendidas corretamente. “Alguns pacientes estavam tão fracos que nçao tinham condição de receber a medicação para combater o câncer. Então éramos obrigados a medicá-los com soro para depois aplicar a medicação. Nunca nenhum doente deixou de receber a indicação prescrita”, falou.

Os parlamentares também questionaram Adalberto Siufi se ele tinha alguma relação profissional com o ex-diretor do HU, José Carlos Dorsa e se teve alguma relação com o fechamento do setor de oncologia do Hospital Universitário.  “Quem fechou o setor foi à vigilância sanitária por uma série de problemas. Nunca tive nenhum tipo de relacionamento com José Carlos Dorsa. Ele foi apenas meu aluno quando fui professor”, comentou.

Para o deputado estadual Amarildo Cruz, a oitiva de hoje mostrou uma série de controvérsias entre os depoimentos de Adalberto Siufi e Carlos Alberto Coimbra. “Constatamos as incoerências nas declarações. Agora vamos confrontar os depoimentos com os documentos obtidos. Em relação a oitiva de Cláudio Wanderlei Luz Saab, seu depoimento mostrou as mudanças realizadas pela nova gestão e das ações que serão realizadas no futuro”, finalizou.

Hospital Universitário

O diretor-geral do Hospital Universitário de Campo Grande, Cláudio Wanderlei Luz Saab, disse hoje (29), durante a oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa, que conseguiu reduzir a dívida da unidade de R$ 29 milhões para R$ 15 milhões. Ele declarou que desde que assumiu a direção do HU, há 90 dias, o principal objetivo foi à renegociação das dívidas com os fornecedores.

“Quando assumi o HU encontrei um caos no local. Toda a documentação sobre contratos havia sido apreendida pela polícia e não sabíamos as reais condições de funcionamento do hospital e atender a população. Encontramos a unidade com parte do teto comprometido, salas de cirurgias interditadas, Pronto Atendimento Médico fechado pela vigilância sanitária e mais de 70 leitos improvisados nos corredores. Chamamos os fornecedores e conseguimos reduzir contratos em até 60% do valor pactuado. Outros três contratos foram anulados por valores exorbitantes”, esclareceu.

De acordo com o diretor-geral do HU, logo que assumiu a unidade decidiu procurar ajuda dos órgãos controladores para manter o hospital funcionando. “Queremos o máximo de transparência na nossa gestão e por isso fomos buscar ajuda dos órgãos controladores. A dívida mensal quando assumi era de R$ 5 milhões e só recebia R$ 2 milhões. Hoje temos 257 leitos funcionando normalmente”, falou.

Ainda conforme Cláudio Wanderlei Luz Saab, na obra para reforma do telhado da unidade, no valor original de R$ 5 milhões, o custo foi reduzido para R$ 4,5 milhões. “Estava tudo irregular no termo de referência. Chamamos as empresas responsáveis pela obra para renegociar o valor. Deixei claro que o dinheiro está empenhado, mas só vou pagar por aquilo que for feito. Essas foram às ações realizadas por nós desde que assumimos a unidade. O HU não faz terceirização sem passar pela procuradoria jurídica. Mostrei ao procurador que não tinha como pagar os terceirizados, mas eles nos deram descontos para cumprirmos com os débitos que estavam atrasados em janeiro deste ano”, esclareceu.


Em relação aos aceleradores lineares, Cláudio Wanderlei Luz Saab declarou que já solicitou o aparelho e pretende reabrir o serviço de oncologia o mais breve possível. 

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