Com a presença de mais de 300 pessoas, entre estudantes
secundaristas e lideranças comunitárias, a Câmara Municipal de Vereadores de
Nova Alvorada do Sul realizou na noite de ontem (21) a audiência pública
“Impactos na Extração do Gás de Xisto em Mato Grosso do Sul”.
Em parceria com o deputado estadual Amarildo Cruz (PT) e
a organização não governamental Coesos, o debate foi promovida pelos vereadores
Luciano Dias (PT), Vanderlei Bueno, Lourdes Pimentel e Edir Alves Mesquita com
a finalidade discutir com a população sul-nova-alvoradense as consequências da
possibilidade de se iniciar a exploração do gás de xisto no município.
A cidade de Nova Alvorada do Sul está entre as 54 cidades
sul-mato-grossenses que poderão ser impactadas com a eventual extração de
combustível fóssil na região. Ela integra a bacia do Rio Paraná no Estado e,
segundo análises da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), onde há a possibilidade de encontrar o gás de xisto.
Em busca de elucidar os cidadãos sobre as consequências
da extração, Amarildo Cruz expôs os resultados da exploração do combustível em
outras localidades do mundo, como Argentina e Austrália, onde levou danos no
dia a dia aos moradores das áreas afetadas e, consequentemente, na produção local. “Nossa intenção é trazer o
assunto à tona, informar a população sobre o perigo que correm, principalmente
as cidades com potencial para a exploração do gás, além de sensibilizar as
autoridades competentes para que tomem medidas protetivas”, assegurou.
O parlamentar estadual é autor do projeto de lei n°
0003/2018 na Assembleia Legislativa, que pede a suspensão da exploração do gás
em Mato Grosso do Sul, no período de dez anos, para que sejam realizados
estudos aprofundados a respeito dos reais danos na produção do combustível
fóssil.
Para o vereador Luciano Dias, que atua na agricultura
familiar, após estudos aprofundados sobre o assunto, pode entender a gravidade
que uma iminente exploração no município pode causar. “Eu não vejo
melhorias com extração do gás de xisto e, sim, algo que vai
trazer danos posteriores para nós”, disse o parlamentar municipal.
O prefeito Arlei Barbosa também manifestou preocupação com a possibilidade da
exploração do combustível e revelou apoio ao projeto de lei do deputado
Amarildo Cruz. “Nós não precisamos sacrificar nosso solo, nossos rios, nossa
população. Não queremos isso para nosso povo”, declarou Arlei. Na oportunidade,
ele aproveitou para entregar uma moção de apoio ao parlamentar estadual pela
proposição na Casa de Leis.
A audiência pública para discutir o gás de xisto contou
também com a presença do promotor de Justiça, Maurício Cabral; a ativista
ambiental Suelita Rocker, representando a Ong Coesos; o representantes da MS
Gás, Luiz Carlos dos Santos; os vereadores Edir Mesquita, Vanderlei Bueno e
Lourdes Pimentel; e o deputado Felipe Orro.
Técnica de extração do gás de xisto
A técnica utilizada na extração do gás de xisto, utilizado
na geração de energia elétrica, é conhecida como fraturamento hidráulico
ou fracking,
que ultrapassa as fontes subterrâneas de água, onde um cano de aço, revestido
por cimento injetado, leva água e produtos químicos e sua pressão causa
fraturas que liberam o gás, altamente poluente, e que contamina a água, solo e
ar.
Municípios de Mato Grosso do Sul já ofertados
em leilão da ANP
Água Clara, Anaurilândia, Angélica, Bataguassu,
Batayporã, Brasilândia, Campo Grande, Deodápolis, Ivinhema, Nova Alvorada do
Sul, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul, Ribas do Rio Pardo, Rio Brilhante,
Santa Rita do Pardo, Taquarussu, Três Lagoas, Alcinópolis, Bandeirantes,
Camapuã, Cassilândia, Chapadão do Sul, Costa Rica, Inocência, Rochedo e São
Gabriel do Oeste.
Até o momento, áreas dos municípios de Santa Rita do
Pardo e Brasilândia já foram arrematadas pela Petrobrás em duas rodadas do
leilão. As outras áreas continuam em leilão permanente e podem ser arrematadas
a qualquer momento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário